Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Maria W Horn
A poesia sonora de W Horn faz-se de crepitação, lume brando e fumaça densa. Uma antítese à hiper-velocidade de uma era que parece há muito distante de si mesma. Essa busca, antropológica, sónica e quase metafísica, leva-a a outras realidades inusitadas, depositadas no subsolo do visível. Integrante do coletivo Sthlm Drone Society e participante numa mão cheia de festivais pela Europa fora, a artista sueca eleva-se como uma criadoras mais insulares do momento. A força telúrica em bruto, enredada com cabos elétricos e estilhaços de uma obra abandonada, ilustrou livremente a narrativa electo-acústica Kontrapoetik. Uma peça que engoliu ocultismo, mitologia folclore e composição clássica, gerando um antigo mundo novo.
‘Epistasis’ surge meses depois e tratou-se de um passo em direção à luz. A cor do piano e a rugosidade das cordas foram elementos usados para uma aproximação orquestral em constante fluxo por gravações de campo processadas, ecos de melodias perdidas e sombras metálicas em suspensão. No mesmo ano de 2019 compôs ainda a peça em torno da tragédia grega Fedra/Hippolytus, apresentada no Royal Dramatic Theatre, em Estocolmo; e marcou ainda presença no festival Madeira Dig ao lado de Keiji Haino, Nivek ou Kali Malone.
Garantia absoluta de catarse e emersão minimalista fazem parte do cenário a esperar desta vinda a Lisboa. NA
Luís Pestana
Há discos que transformam. ‘Rosa Pano’ foi porventura um desses discos que transformaram 2020, um ano abrupto, de explosões e implosões. É nesta última que Pestana opera, na dinâmica de contenção aberta, despontando novas vias e visões para o futuro. Mas é no passado que tudo parecer surgir. Um madrigal, um sino de igreja, um uivo; a eterna dicotomia entre o sagrado e o profano. Pestana aborda a natureza pagã, segundo um filtro de saturação da humanidade e dos seus feitos tecnológicos. Herança recente, mas já sólida, de gente como Oneohtrix Point Never, James Ferraro ou Ben Frost, que destilaram a esfera popular, numa alquimia digital distópica e, no entanto, efervescente. Uma utopia tornada realidade.
Repleto de memórias ou impressões sugeridas, ‘Rosa Pano’ soube, acima de tudo, apresentar uma identidade bastante vincada do seu autor - e do seu objecto. Ascensão real que acontece, mas sem nunca se libertar totalmente das suas raízes terrestres, como condição própria. A fauna e flora aqui convocadas por Luís Pestana são ainda existências por constatar. Daquelas que se lêem nos livro sci-fi e nas lendas populares: tão irreais e mesmo assim tão familiares. NA
Abertura de Portas
18h30