Promotor
EGEAC, Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural
Sinopse
Dois rapazes e duas raparigas fogem para a floresta. A floresta! Lugar de mistério e encantamento, descanso e aventura, jogos e armadilhas. Nas suas trilhas sinuosas pode-se dar de caras com um duende ou uma rainha disfarçada de pirata, um animal selvagem ou um ator a ensaiar distraidamente as falas do seu papel. A floresta é o território de seres que vivem entre mundos diferentes e nunca serão capturados, como esta perigosa fera feita de imaginação e garras: o Tigre-Lírio.
UM TIGRE-LÍRIO É DIFÍCIL DE ENCONTRAR é um espetáculo sobre a infância, a imaginação e o teatro. Os habitantes desta floresta podem passar sem transição de um estado a outro, de uma personagem a outra, da ficção à realidade, do quotidiano ao impossível. Imaginamos um espetáculo como uma espécie de ser híbrido que muda de forma, cresce para fora do palco e ameaça até engolir a plateia inteira. Queremos que os espectadores saiam do teatro a pensar: isto aconteceu mesmo ou eu sonhei?
Ficha Artística
dramaturgia e encenação: Alex Cassal
criadores-intérpretes: Alfredo Martins, Binete Undonque, Crista Alfaiate e Daniel Pizamiglio
assistente de encenação: Keli Freitas
assistente de dramaturgia: Joana Frazão
direção de movimento: Márcia Lança
desenho de luz: Tomás Ribas
cenário: Aurora dos Campos
figurinos: Ana Carolina Lopes
assistente de cenografia: Saulo Santos
produção executiva: Daniela Ribeiro e Paula Diogo
co-produção: Má-Criação
Uma encomenda: LU.CA - Teatro Luís de Camões
Apoios: Museus da Universidade de Lisboa Jardim Botânico Tropical, Direção Municipal da Estrutura Verde, Ambiente e Energia, divisão de Espaços Verdes.
Agradecimentos: Artur Borges e José Machado
(Em memória do cenógrafo Helio Eichbauer)
Autor
uma lembrança para começar a viagem:
O ponto de partida para esta expedição na floresta foi uma memória de infância. Cresci nos anos 70 em uma pequena cidade no sul do Brasil. Morávamos em um bairro residencial, com muitas praças e parques próximos. Eu e os outros miúdos do prédio passávamos os dias à solta, testando os limites da instrução materna de não saiam de perto de casa e não atrasem para o jantar. Saltávamos muros e nos esgueirávamos por portões para chegar a pequenas áreas onde a relva se misturava com ervas daninhas e as árvores enchiam o chão de folhas. Uma vez descobrimos um jardim abandonado ao fundo de uma casa em ruínas, e era como um pedaço de uma floresta tropical transplantado magicamente para o meio da cidade - sons de bichos, árvores altas, pequenas trilhas tomadas por cipós e trepadeiras, uma sensação de estar longe de tudo.
Também lembro da excepcional ocasião em que fizemos uma longa jornada até uma praça mais distante, onde encontraríamos o escorrega mais alto da cidade. Passámos a tarde dando voltas por ruas em bairros que não conhecíamos, sem pedir indicações aos adultos porque obviamente isso é uma coisa que não se deve fazer, e entrámos em becos sem saída e nos perdemos e fomos perseguidos por um cão e afinal achámos a praça que tinha um escorrega de tamanho perfeitamente normal, claro. E chegámos atrasados e sujos para o jantar.
Tive vontade de fazer um espetáculo sobre esta sensação de desconhecido e descoberta, de perigo e cumplicidade.