Produtor
Medeia Filmes Lda
Breve Introdução
20 março
18h30
O CASAMENTO DE MARIA BRAUN
de R. W. Fassbinder
Alemanha, 1979, Ficção Drama, 120 min, M/16
Língua da versão original: Alemão
Língua da legendagem: Português
Apresentado por Eduarda Neves (docente universitária, ensaísta e curadora)
Segunda Guerra Mundial. Maria (Hanna Schygulla) casa-se com Hermann Braun (Klaus Löwitsch), um soldado alemão. Desaparecido em combate, Maria recusa-se a acreditar na sua morte. E a sua história de luta pela sobrevivência tem como pano de fundo os anos de guerra até ao milagre económico que se lhe seguiu. Hanna Schygulla foi distinguida com o Urso de Prata para a melhor actriz no Festival de Cinema de Berlim. É uma das obras-primas de Fassbinder que inclui várias metáforas cinematográficas sobre a questão da identidade e as experiências do pós-guerra alemão.
Maria Braun, amoral e com a perversidade daqueles que anunciam o que vão fazer e logo o fazem, é a heroína desta história, no sentido em que é nela que se concentra a amoralidade do período. [...]Como as pessoas que, ao longo do filme, aproveitam as aberturas causadas pelas bombas e por elas cortam caminho como quem atravessa portas, Maria Braun percebe que no contexto vale-tudo em que se encontra, pela falta de valores presentes e pela mudança social do estatuto da mulher quando todos os homens foram recrutados, tem o poder de fazer o seu próprio destino, passando inclusivamente por si de homens como Herr Oswald, de longe a personagem com quem é mais fácil simpatizar, que só lhe querem bem. Sabe o que quer e quer tudo agora, pois sofreu para isso. Quão diferente seria Die Ehe der Maria Braun se não fosse protagonizado pela esguia e felina Hanna Shygulla, que permite que o espectador empatize com Maria Braun mesmo reconhecendo-lhe o lado maquiavélico e sibilino.
Miguel Domingues, À Pala de Walsh