Promotor
EGEAC, Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural
Sinopse
Milieu coloca em cena uma marioneta de fios, técnica emblemática da manipulação. Os fios constituem as condições necessárias para a animação, para dar a ilusão de vida, a autonomia da marioneta. Mas também são o que a retém e a impedem de sair do espaço.
Um homem entra num espaço fechado, um enorme cilindro, do qual parece difícil escapar, as tentativas são numerosas, mas fortes ligações seguram-no a toda a parte.
Renaud Herbin está a mais de 3 metros de altura, por cima desta marioneta, que manipula à distância, através de longos fios. O corpo está suspenso no centro deste cilindro. Criador e observador deste novo mundo animado, fascinado e perturbado por esta personagem inspirada em O Despovoador de Samuel Beckett, o marionetista molda a matéria, a forma, dá-lhe vida, sob o olhar do público, que se movimenta em torno deste dispositivo, criado para amplificar o olhar.
Renaud Herbin propõe uma variação sobre o conceito de castelet, joga com as escalas e a gravidade da marioneta. "Eu queria reapropriar-me das técnicas das marionetas de fios, reactualizá-las ao serviço de uma escrita contemporânea." Ao nível dos nossos olhos, a marioneta move-se num equilíbrio precário, como que ligada a um horizonte imaginário.
O chão está cheio de cascalho molhado. Tudo está ligado, o ar e a luz, bem como a vibração debaixo deste solo mineral. O aparecimento gradual da água, cobrindo toda a superfície, abre uma nova promessa: a de um novo espaço para explorar.
A marioneta revela o humano no que a constitui, explora a sua capacidade de nos dizer "eu estou aqui" e de ser surpreendido. Vai-se transformando, exposta às variações climáticas do seu ambiente. Milieu retrata uma situação simultaneamente cómica e metafísica, à imagem de uma récita de Samuel Beckett, e oferece a experiência da animação, como que um traço de união entre dois mundos.
Ficha Artística
Concepção e interpretação: Renaud Herbin Espaço cénico: Mathias Baudry Marionetas: Paulo Duarte Som: Morgan Daguenet Colaborações artísticas: Aïtor Sanz Juanes, Julika Mayer Christophe Le Blay Luz: Fanny Brushi com o olhar de Fabien Bossard Construção: Christian Rachner Direcção técnica: Thomas Fehr Fotografias: Benoit Schupp Produção: TJP - Centre Dramatique National dAlsace Strasbourg Co-produção: Festival Mondial des Théâtres de Marionnettes de Charleville-Mézières
Apoio à apresentação: Institut Français du Portugal, em parceria com o Institut Français em Paris, no âmbito do foco sobre a criação contemporânea