Promotor
Município de Penafiel
Breve Introdução
31 maio - 1 junho 2025
Ponto C, Penafiel
O Coordenadas nasce da inquietação sobre o que significa habitar um espaço, transformar um território, ou resgatar memórias. É um projeto de simbiose entre o corpo e o lugar, um gesto que se inscreve no espaço público e o ressignifica, fazendo dele um organismo vivo, mutável e em constante negociação com aqueles que o atravessam. Porque um lugar não é apenas a sua estrutura física, mas sim o que nele persiste para além do visível, nos encontros e nas histórias que o habitam. Se um espaço pudesse falar, o que diria? E se o corpo pudesse responder, o que faria?
Pode um lugar ser lido como um corpo?
Através da performance e das artes visuais, o Coordenadas, enquanto um laboratório para o território, propõe uma reflexão profunda sobre o espaço e os seus fluxos, explorando a forma como a arte pode atuar como agente de transformação social. A performance torna-se assim uma fissura na normalidade, uma interrupção que revela novas camadas do real, um lugar de experimentação onde as dinâmicas do quotidiano são temporariamente suspensas para dar lugar a outra maneira de ver, de sentir, ou de estar. Mas o que acontece para lá da performance? Depois do final do espetáculo, o que permanece? As pessoas voltam a esse espaço? E de que forma a memória do acontecimento se inscreve na matéria do território?
Pode um lugar ser lido como um corpo? Pode um corpo ser um mapa de territórios? O que faz do espaço um lugar? Será a sua história ou as pessoas que o habitam?
A proposta não é apenas artística, mas também política e social. Encara o espaço público como um campo de possibilidades onde a criação artística se entrelaça com o urbanismo, onde a história de um lugar dialoga com as suas camadas invisíveis e esquecidas, onde se cruzam vozes e narrativas que reivindicam a sua presença. Porque a arte não é um adereço, mas um gesto que pode ser subversivo, transformador. O projeto desenha-se na fronteira entre a memória e a projeção do futuro, refletindo sobre o que foi apagado, sobre aquilo que precisa de ser resgatado e sobre o que ainda pode ser imaginado. A gentrificação e a crescente desocupação dos espaços sociais convocam a necessidade de agir sobre os territórios, reequacionar a sua identidade e compreender de que forma os seus habitantes podem participar na sua transformação.
O Coordenadas propõe uma escuta ativa, um processo de envolvimento com as comunidades, um trabalho conjunto com artistas, arquitetos, urbanistas e cidadãos criativos e não criativos na construção de uma nova forma de habitar. Coloca a arte no centro de um processo que não se encerra num evento efémero, mas se prolonga no tempo e na experiência de quem ali permanece. Como construir redes que vão para além do instante? Como inscrever novas práticas de vivência e apropriação do espaço? Como fazer da performance um campo de reflexão sobre as relações que estabelecemos com os territórios?
O bem-estar cultural surge como um conceito transversal que nos guia, como uma urgência em reafirmar o direito à cultura, ao encontro, à contemplação, num tempo em que a pressa e a funcionalidade dominam os territórios. O espaço precisa de arte? Ou a arte precisa de um espaço? Ou, talvez, seja a fusão entre ambos que gera a verdadeira transformação?
31 maio 2025
11:00
Encontro com o território: a cidade como palco, os corpos como mapas
Este momento estabelece o enquadramento do projeto, articulando a sua relação com o Ponto C, o contexto urbanístico envolvente e a importância do espaço público como território de criação e transformação. Inclui um keynote inspiracional e uma conversa que parte da obra de Christo e Jeanne-Claude para refletir sobre a memória dos lugares – o que permanece, o que se apaga e o que pode ser recuperado. Como se resgatam memórias de um lugar? Que camadas invisíveis habitam os espaços que percorremos todos os dias? Uma reflexão sobre arte como gesto revelador, e o território como palco de ecos, vestígios e narrativas em construção.
Boas-vindas Daniela Oliveira, Município de Penafiel
Keynote Margarita Dorovska [BG], Christo and Jeanne-Claude Center
Conversa: Mónica Guerreiro, Ponto C
12:00
Lugares em transformação: casos de estudo em Portugal
A sessão dará voz a projetos em desenvolvimento no nosso país, revelando abordagens inovadoras ao placemaking (cultural) e à regeneração dos espaços urbanos. Um momento de encontro entre visões e práticas que moldam territórios. Iniciaremos com uma introdução ao conceito de placemaking, enquadrando a sua relevância na construção de cidades mais inclusivas, participativas e humanas e onde o espaço público é vivido, partilhado e ressignificado pela comunidade.
Lara Seixo RodriguesMistaker Maker
Marta Silva, Largo Residências
Moderação: Bruno Costa, Bússola
15:00
Lugares vivos: bairros, comunidade e participação
Os lugares onde vivemos – sejam bairros urbanos, aldeias ou territórios em transição – são espaços de relação, construção simbólica e vida em comum. É neles que se inscrevem rotinas, memórias e formas de cuidar, onde a proximidade se torna uma possibilidade de transformação. Fortalecer esses lugares passa por ativar sentimento de pertença, práticas colaborativas e novas centralidades assentes na participação e no envolvimento direto das pessoas. A partir de diferentes experiências – de políticas públicas a processos comunitários, de iniciativas artísticas a dinâmicas informais – esta conversa convida a pensar como se constroem territórios mais justos, inclusivos e vivos. Como podem os habitantes transformar o espaço que habitam? Que papel têm a cultura, a escuta e a ação coletiva na regeneração do lugar? Mais do que procurar respostas, abre-se um fórum de ideias, onde cada contributo ajuda a desenhar uma cartografia partilhada do que pode ser o “viver juntos” – com tempo, cuidado e imaginação.
Luís Sousa Ferreira, Riscado
16:30
Se o espaço falasse, o que diria? Se o corpo respondesse, o que faria?
Painel multidisciplinar que reúne artistas, urbanistas, gestores urbanos e agentes culturais para explorar a interseção entre arte, identidade e território. Uma conversa que percorre a memória coletiva, a inscrição da arte no espaço público e as possibilidades do placemaking artístico, refletindo sobre como os corpos, as narrativas e os gestos transformam os espaços que habitamos, ressignificando a relação entre cidade e comunidade.
Álvaro Domingues, Universidade do Porto
Américo Rodrigues, Direção-Geral das Artes
Marta Aguiar, MAG
Moderação: Matilde Seabra, Galeria Municipal do Porto
18:00
Performance
Party time – Cia. Bergamotto
Party Time convida-nos a aventurarmo-nos no mundo da paternidade e, de forma mais geral, o do cuidado. Assim como o famoso Gepeto descobriu o que significa ser pai graças ao seu fantoche, o palhaço Bergamotto compartilha experiências com o seu adorável ursinho de peluche, com quem viverá muitas aventuras emocionantes. Party Time é uma história com momentos repletos de boas desculpas para comemorar a vida! Pasquale Marino, criador e intérprete deste programa diz que ser pai é uma explosão de emoções e que este extravagante e excitante show é a maneira perfeita para um palhaço compartilhar tal experiência. Um convite teatral que transita entre momentos de ternura e absurdo através da linguagem não-verbal da mímica.
19:00
E amanhã?
Momento de síntese dos resultados preliminares, refletindo sobre as experiências partilhadas, as aprendizagens emergentes e o impacto gerado. Um espaço de resumo e projeção, onde se esboçam as primeiras conclusões e se traçam caminhos para as próximas etapas do projeto.
Mónica Guerreiro, Ponto C
21:30
Performance
O tamanho das Coisas – Marco Paiva
O TAMANHO DAS COISAS investiga a vida de um homem que está continuamente a mudar de dimensão; ora a crescer até se tornar um gigante a sapatear por entre cidades liliputianas, ora a encolher até uma escala microscópica, quando a menor racha no chão passa a ser um abismo intransponível. Ou será o mundo ao seu redor que está a mudar? A determinado momento numa geografia desconhecida e sem qualquer razão aparente, um homem interrompe o seu caminho parando em pleno oceano. Da comparação entre o seu corpo e a escala avassaladora do que o rodeia levanta a questão: será que devo continuar? Até onde vai a utopia de que os heróis resistem infinitamente ao próprio cansaço? Vamos então analisar em conjunto: poderão todas as coisas medir a sua importância pela sua escala de tamanho? Será que nos vemos como gigantes? Este é um monólogo criado à medida para o ator Paulo Azevedo, que nasceu sem braços e pernas e vem construindo a passos largos uma carreira singular no teatro e na televisão.
23:00
Concerto
S. PEDRO
S. PEDRO é o Pedro e mais uns três, quatro ou até mesmo cinco amigos. Para os fãs da Pop, S. PEDRO é demasiado alternativo mas para os que gostam de música alternativa os refrões do S. PEDRO são demasiado orelhudos. Habituado a estar nesta espécie de limbo, nesta zona cinzenta dos gostos musicais, Pedro sentiu liberdade para ir experimentando novos caminhos uma vez que não estava encaixotado em estilo algum.
Autor de êxitos como Apanhar Sol e Passarinhos, S. Pedro tem dois álbuns em nome próprio – O Fim (2017) e Mais Um (2019) – e, já agora, passe a redundância, tem “mais um” disco a caminho, do qual o artista portuense já deu a conhecer os singles Sem Ninguém e Campanhã em agosto de 2022. Em 2023 editou Tão Difícil, o seu mais recente single que deverá figurar no seu novo trabalho. Independentemente da fase em que está, as músicas do Pedro serão sempre canções e as letras serão sempre histórias e, para quem nunca leu um livro, o Pedro tem muitas histórias.
1 junho 2025
10:00
Performance
Party time – Cia. Bergamotto
Party Time convida-nos a aventurarmo-nos no mundo da paternidade e, de forma mais geral, o do cuidado. Assim como o famoso Gepeto descobriu o que significa ser pai graças ao seu fantoche, o palhaço Bergamotto compartilha experiências com o seu adorável ursinho de peluche, com quem viverá muitas aventuras emocionantes. Party Time é uma história com momentos repletos de boas desculpas para comemorar a vida! Pasquale Marino, criador e intérprete deste programa diz que ser pai é uma explosão de emoções e que este extravagante e excitante show é a maneira perfeita para um palhaço compartilhar tal experiência. Um convite teatral que transita entre momentos de ternura e absurdo através da linguagem não-verbal da mímica.
15:00
Oficina
Voar Muito Perto do Sol – Hugo Barros e Sara Garcia
Placemaking e desenvolvimento sustentável
O Coordenadas surge da necessidade de repensar e redefinir a função do espaço público no contexto contemporâneo. Num período de urbanização acelerada e crescente fragmentação social, esta iniciativa propõe uma abordagem inovadora, colocando as artes performativas e visuais no centro das estratégias de transformação territorial. Mais do que uma mera revitalização física, o projeto reconhece o espaço público como um eixo fundamental do bem-estar cultural das comunidades, promovendo lugares que integram as dimensões mental, emocional e cultural como alicerces da convivência e do desenvolvimento coletivo. Ao criar ambientes acessíveis e dinâmicos, esta proposta transforma os espaços urbanos em catalisadores de inclusão, criatividade e regeneração social, fortalecendo os laços comunitários e incentivando a participação ativa dos cidadãos. Com esta visão, Penafiel reafirma o seu compromisso com a sustentabilidade e a inovação, posicionando-se como um território de referência no debate global sobre urbanismo participativo e cultura comunitária.
A proposta destaca-se pelo seu caráter interdisciplinar e visionário. Num contexto onde os centros urbanos muitas vezes perdem a sua vitalidade para dinâmicas centradas no mercado, o Laboratório do Território propõe uma inversão de lógica: transformar praças, ruas e fachadas em espaços vivos de interação humana, expressão artística e diálogo intercultural. Ao valorizar o papel da comunidade como co-planeadora e guardiã dos espaços públicos, o projeto incentiva um sentimento de pertença e identidade local, promovendo uma convivência mais empática e solidária. Esta abordagem contribui para combater a exclusão social e desafia percepções tradicionais sobre o uso e a função do espaço público. Com o intuito de fomentar coesão social e inovação cultural, a proposta integra múltiplas dimensões. Por um lado, promove o diálogo entre tradição e contemporaneidade, reconhecendo o valor das memórias locais enquanto projeta o território para um futuro inclusivo. Por outro, aposta numa visão sustentável, utilizando o espaço público para reaproximar os cidadãos do meio ambiente, estimulando a criatividade coletiva e reforçando a ligação emocional e funcional das comunidades ao seu território.
Num mundo em transformação acelerada, onde os desafios globais como a crise climática, as desigualdades sociais e a urbanização intensa pressionam as cidades a repensarem os seus modelos de desenvolvimento, o Coordenadas apresenta-se como uma proposta ousada. Reconhecendo o potencial das cidades médias como Penafiel para liderarem processos de transformação significativos, a proposta pretende criar um exemplo replicável de placemaking que equilibre as necessidades locais com as tendências globais. A humanização do espaço urbano é aqui vista como um imperativo cultural e ético, promovendo ambientes acolhedores e acessíveis a todos. Ao integrar as artes performativas como núcleo da estratégia, o projeto vai além da simples estética, propondo uma narrativa transformadora que coloca a experiência humana no centro do desenvolvimento urbano. Este é um convite para que a comunidade local participe ativamente na construção de uma nova visão para o espaço urbano envolvente ao Ponto C, onde o espaço público se torna um espaço de co-autoria, potenciando o impacto cultural, ambiental e social. É uma abordagem que alia criatividade e funcionalidade, desenhando territórios que incentivam o diálogo, a convivência e a sustentabilidade.
O Coordenadas pretende transformar Penafiel num exemplo de como as cidades podem usar a sua escala e características únicas para se tornarem referências em inovação cultural. Este projeto é mais do que uma iniciativa local: é uma mensagem para que outros territórios repensem as suas práticas urbanas e sociais, reconhecendo o poder transformador da cultura e da criatividade na construção de um futuro mais inclusivo e sustentável. Assim, Penafiel posiciona-se tanto como uma cidade de história e património, mas também como um espaço de vanguarda no debate sobre o papel das cidades no século XXI.
Ficha Artística
Oradores
Margarita Dorovska [BG]
Christo and Jeanne-Claude Center
Margarita Dorovska é curadora e gestora cultural. Dirige o Christo and Jeanne-Claude Centre em Sófia e foi responsável pela House of Humour and Satire. Licenciada em Estudos Culturais pela Universidade de Sófia e mestre em Curadoria de Arte Contemporânea pelo Royal College of Art, colaborou com mais de 200 artistas e coordenou projetos como Transitland, focado nas transformações da Europa Central e de Leste após 1989.
Marta Silva
Largo Residências
Marta Silva é programadora e gestora cultural. Formada em Dança pelo Ginasiano Escola de Dança, frequentou Ciências da Educação na Universidade do Porto. Cofundadora da LARGO Residências (Lisboa), desenvolve uma prática que cruza cultura e intervenção social. Distinguida com o Prémio Natércia Campos 2023, é uma voz ativa em conferências e júris culturais, comprometida com o acesso democrático à criação e ao território.
Luís Sousa Ferreira
Riscado
Luís Sousa Ferreira é programador cultural, docente e curador. Adjunto a direção artística do Teatro Nacional D. Maria II e leciona na ESAD.CR. Fundador do BONS SONS, dirigiu o 23 Milhas (Ílhavo) e o Aldear (Tâmega e Sousa). Fundou a empresa Riscado e comissariou programas como Caminhos do Médio Tejo e Braga’27. Formado em Design Industrial, trabalhou no CENTA e na experimentadesign.
Álvaro Domingues
Universidade do Porto
Álvaro Domingues (Melgaço, 1959) é geógrafo e professor na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, onde investiga geografia humana, urbanismo e modos de habitar. Doutorado pela Universidade do Porto, colabora com instituições como a Fundação Calouste Gulbenkian, o CCCB ou a Erasmus University. O seu trabalho convoca formas mais humanas e conscientes de olhar e transformar o território.
Américo Rodrigues
Direção-Geral das Artes
Américo Rodrigues é poeta sonoro, encenador e programador cultural. Mestre em Ciências da Fala e da Audição (Universidade de Aveiro) e licenciado em Língua e Cultura Portuguesa (UBI), dirigiu o Teatro Municipal da Guarda e fundou projetos como o Aquilo Teatro. Desde 2019, lidera a Direção-Geral das Artes, onde coordenou processos como a revisão dos apoios às artes e a criação da RTCP e da RPAC.
Marta Aguiar
Mag
Arquiteta e fundadora do Museu Experimenta Paisagem e do gabinete MAG – Marques de Aguiar. A sua prática cruza criação artística, arquitetura e envolvimento comunitário. Coordena o Cortiçada Art Fest e o projeto internacional Landscape Together (Europa Criativa), afirmando uma visão da arquitetura como gesto curatorial e de proximidade com o território e as suas comunidades.
Matilde Seabra
Galeria Municipal do Porto
Matilde Seabra é arquiteta e mediadora cultural. Coordena programas de arte contemporânea, arquitetura e património, desenhando projetos que emergem das especificidades dos lugares. Cofundadora da Talkie-Walkie (2012), trabalha a intersecção entre saber académico e popular. Atualmente, lidera o ping! Programa de Incursão à Galeria e os programas públicos da Galeria Municipal do Porto.
Notas Suplementares
Valor de 12€ (sem desconto), com direito a todos os eventos e almoço incluído
Preços