Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Considerado como um dos melhores álbuns rock do ano passado para a Pitchfork e Rolling Stone, The Gloss, dos canadianos Cola ouve-se como uma garantia de que o pós-punk funcional está em boas mãos. Já se sente há alguns anos este regresso ao género – depois da onda dos 2000s -, contudo o que tem acontecido nos últimos anos passa menos por uma afirmação de que o rock não está morto e, sim, pela ideia de que todos os desvios do rock e da pop sofrem um ponto de exaustação e volta-se às ideias simples. Tanto para quem cria, como para quem ouve. A música deste trio é então uma de constante regresso, poderia ser ao passado, só que preferem que o regresso seja às ideias, neste caso, às coisas simples.
Formados em 2019 por Tim Darcy, Ben Stidworthy e Evan Cartwright, todos com um passado de algum peso - Tim e Ben faziam parte dos Ought e Evan tocava com U.S. Girls -, rapidamente começaram a desenvolver um método de experimentação nas canções, em que deixavam que as ideias fossem surgindo à medida que iam ensaiando. Método tão informal quanto queiramos que seja – hoje em dia já não é assim tanto -, contudo isto resultou num apurar de um som à Television misturado com ideias de Devo, Mission Of Burma e até algo de Feelies, em que tudo soa a curto: a duração das canções, os riffs, as linhas de baixo, o ritmo da bateria. Curto ou cortado, cabe ao ouvido de cada um, criando um momento de prazer que perdura na imaginação do ouvinte. Foi assim no primeiro álbum, Deep In View (2022) e dois anos depois em The Gloss, em que soam mais a uma necessidade do que a algo de novo. A necessidade de ouvirmos rock, neste caso, um sem a urgência da inovação, dos dias, para isso há outras bandas, outros sons à procura de romper e inovar dentro da nossa capacidade de atenção. Um rock com o tempo de se ouvir a si mesmo, passar pelo passado, com ou sem nostalgia, e fazê-lo sentir como algo de agora, onde o rude e o tédio do presente brilham a construir novas memórias. AS
~
Tomás Varela nasceu em Lisboa. Na segunda metade da década passada, deu alguns concertos a solo ou como membro da banda Aerogasmo, integrado no projeto coletivo Xita Records. E, se por volta de 2019 deixou de aparecer nos palcos (sem nunca ter gravado nada), isso não quer dizer que tenha deixado pura e simplesmente de tocar. Na verdade, durante estes anos, nunca largou a música e deixou de compor. Por isso regressou agora com curriculum vitae, o seu primeiro disco. Este tem 10 canções variadas que espelham, à sua maneira, diferentes fases, pensamentos ou episódios deste tempo que passou. Compostas entre 2017 e 2024, cada faixa é uma abordagem diferente a um assunto diferente. E o álbum, no seu todo, acaba por espelhar a variedade que as diferentes ocasiões de composição das músicas trouxeram consigo. Desse ponto de vista, o título do disco deve ser tomado mesmo à letra: é uma corrida ou um caminho da vida, uma tentativa de apresentação de si e dos sítios por onde passou, onde esteve, onde parou.
Como influências, podem sentir-se travos de Chico Buarque, José Afonso, Fausto ou Fabrizio De Andrè. Mas não só. Também um Éme, um Fernando Maurício, talvez uma ou outra banda mais rock. Um pouco de tudo isto pode, quiçá, ser encontrado no disco e naquilo que Tomás Varela tem para oferecer.
Abertura de Portas
20h30
Preços