Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
TARTA RELENA
Ao longo da última década tem havido um contágio de formas e ideias de alguma música tradicional a entrar na música electrónica. O fenómeno não é novo e é daquelas ideias que se recicla. A reciclagem importa porque, sem ela, hoje em dia, seria quase impossível construir sobre o que já existe, ou até em cima do novo. É essencial sentir como as novas gerações se apropriam de uma ideia para o tempo em que vivem, como usam essa ideia com a linguagem e as ferramentas que utilizam agora. Tem acontecido por todo o lado, mas da Catalunha saíram dois dos nomes mais fulminantes que experimentam com estas ideias e as colocam noutra divisão: Marina Herlop e Tarta Relena. Marina Herlop é um daqueles cometas, beneficiou do contexto em que muitas pessoas ficaram a conhecê-la (a pandemia e saída da pandemia), ao que acresce uma inesgotável presença em palco, tocando quase todas as semanas em algum lado nos últimos dois anos. Tarta Relena, usando expressão de concurso, têm beneficiado menos do apoio do público. Ok, não é assim tão verdade, o duo composto por Marta Torrella e Helena Ros tem tocado nos últimos anos em muitos festivais europeus de electrónica - e não só - e têm criado uma audiência que abraça esta identidade que tem tanto de cru como de celestial.
E é aqui que as Tarta Relena se diferenciam. Ao contrário de outros projectos do género, cuja ligação se faz sempre mais à electrónica - ao presente, à moda, ao actual - do que ao tradicional, elas trabalham a ideia do vazio, do eco, de uma noção de silêncio enquanto algo sagrado. Dão o passo seguinte. Experimentam com os sons, experimentam sobretudo, e primeiro, com a voz. Há um princípio de a cappella, de ouvirem-se nesse registo e partirem daí para o resto. A electrónica é algo que complementa, que veste e, se nos é permitido dizer, não é aquilo que nos faz logo mexer. O que mexe, o que nos faz querer existir no mesmo espaço que as canções das Tarta Relena é a sensação de espaço que é criado, pelas pausas, os silêncios, os vazios que existem entre as palavras. O tempo nunca é muito, é a sensação que é imensa. Como se a música delas nos desse tempo para ouvirmos a nós próprios, a reflectir, a sentir uma ideia de sagrado que as próprias criaram com a sua música. Ouvi-las na Igreja St. George parece-nos mais do que apropriado. Até lá, há alguns e bons álbuns para descobrir: “Fiat Lux”, “És Pregunta” e “Ora Pro Nobis”. AS
Abertura de Portas
21h30
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