Promotor
Município do Seixal
Sinopse
ONDE O VENTO NÃO SOPRA
Coreografia: Ana Clara Guerra Marques
Na areia molhada lia-se, aos saltos, o retrato às ordens da lua (…) Sempre que o sol subia o chão era devolvido ao mar (F. Ningi)
Abordando os terrenos da emigração, a peça Onde o vento não sopra propõe-nos um olhar sobre a complexidade das conexões humanas na construção de uma teia que se entrelaça em diferentes direcções.
A viagem, a apropriação e a expropriação; a adaptação e a negociação entre as diferentes culturas, bem como a povoação de espaços geográficos e culturais comuns, geram novos processos identitários; E a casa como metáfora da intimidade e do porto seguro, mas em risco de desmoronamento permanente, tal como os projectos em tempo de guerra, onde a incerteza impõe a obrigação de viver “um dia por dia”.
Recorrendo a um alfabeto de interpretações múltiplas e multiplicadas construído por eles próprios, os bailarinos contam as suas e as histórias de outros, narrando experiências por vezes únicas, por vezes partilhadas. Os seus discursos remetem-nos para as imagens que, diariamente, nos franqueiam a porta e nos apresentam pessoas em trânsito constante, transportando em trouxas o sonho de uma vida perfeita ou a esperança de um regresso futuro. Entradas, saídas, humilhações, fronteiras e perseguições são alternadas com longas pausas para contar as estrelas e pensar se a viagem terá um fim.
Enquanto fenómeno complexo que reflete, em simultâneo, as desigualdades e as interconexões globais, a peça propõe a discussão sobre como a emigração conduz ao desafio de se encontrar um equilíbrio que harmonize a presença de outros universos com as sociedades de acolhimento, criando condições para uma coexistência harmoniosa e próspera. Apesar dos diálogos frequentemente sobrepostos e das contradições geradas pela diferença, há sempre uma letra comum que se repete em cada linguagem.
Se formos capazes de compreender as causas e respectivas consequências desta “transfronteiridade”, estaremos aptos para integrar, como forma de promover o desenvolvimento sustentável e como prática para construir o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades de todos.
Ana Clara Guerra Marques
Luanda | 2024
Informações Adicionais
Biografia da Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDCA):
Com um percurso inovador e singular, a Companhia de Dança Contemporânea de Angola acumula já 28 anos de história da dança sem deixar de se autorecriar. Num contexto artístico débil em políticas culturais, onde as artes performativas parecem reduzir-se ao teatro não profissional e às danças patrimoniais e recreativas urbanas, a CDCA rompe com uma certa ideia de “tradição” e conservadorismo, construindo um espólio estético com características específicas e de cunho autoral muito vincado. As suas propostas coreográficas confrontam o público trazendo as histórias e episódios do quotidiano social, urbano e rural, onde o corpo e o movimento constituem o elemento catalisador. A contemporaneidade da Companhia reside nesse olhar atual que cruza a história e a cultura com experiências extremas vividas em Angola, numa tentativa de compreender as questões universais da dor, amor, conflitos, energia e afetos.
Sob direção da coreógrafa Ana Clara Guerra Marques, a Companhia é composta por 7 bailarinos, um produtor executivo, um fotógrafo para a imagem e um ensaiador e figurinista, convidando, pontualmente, artistas para efetuarem residências. São exemplos a partir de pesquisas em vários territórios, para revitalizar a diversidade cultural de raiz tradicional, A Propósito de Lweji (1991), Uma frase qualquer… e outras (frases) (1997), Peças para uma sombra iniciada e outros rituais mais ou menos (2009), Paisagens Propícias (2012), e Mpemba Nyi Mukundu (2014) e (Des)construção (2017). Mas para a CDCA a dança é, sobretudo, um meio de intervenção social, como evidenciam Mea Culpa (1992), Imagem & Movimento (1993), Palmas, por Favor! (1994); Neste País… (1995), Agora não dá! ‘Tou a Bumbar… (1998), Os Quadros do Verso Vetusto (1999), O Homem que chorava sumo de tomates (2011), Solos para um Dó Maior (2014), Ceci n’est pas une porte (2016) e O monstro está em cena (2018).
Além dos espetáculos, a Companhia promove atividades diversas para contribuir para a educação estética do público. Os espetáculos já viajaram por várias cidades africanas, americanas, europeias e asiáticas. Em 2017 foi-lhes atribuído o Prémio Nacional de Cultura e Artes no seu país.”
Preços
Ingresso: 6 euros (descontos de 50% para trabalhadores das autarquias do Seixal, munícipes, bombeiros do concelho do Seixal e voluntários da Cruz Vermelha do concelho do Seixal, em bilhetes adquiridos localmente na bilheteira do Fórum Cultural do Seixal. Entrada gratuita para jovens munícipes até 25 anos (inclusivé) e para munícipes maiores de 65 anos (inclusivé), em ingressos levantados localmente na bilheteira do Fórum Cultural do Seixal)