Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Parelha abençoada que junta a guitarra de Marisa Anderson à bateria de Jim White, num processo bem intuitivo de composição e liberdade. 'Swallowtail', disco acabado de sair pela Thrill Jockey e que se sucede à estreia em duo com 'The Quickening' de 2020, expande e concentra num mesmo fôlego as energias desse primeiro tomo num acto simbiótico pleno de nuance e momentos de entrega absoluta. Sem pressas, os rendilhados pacientes e escapadas circulares da guitarra eléctrica de Anderson vão-se enredando com uma notável fluidez com a bateria sempre expressiva na sua contenção de White, em momentos de um lirismo absoluto, que caga de alto no show off ou no mimetismo forçado. Melodias de estrada, devedoras tanto da tradição dos blues e da folk como do minimalismo americano e do espírito do jazz, com tanto de trauteável como aberto a possibilidades. Sempre certo.
Matéria expectável, dada a caminhada destes dois músicos. Estudiosa das tradições da guitarra americana, dos blues, da folk e dos Apalaches transmutados na American Primitive postulada por Mestre Fahey, Anderson carrega para esse legado todo um outro manancial de linguagens que vão do drone, à música latina ou ao flamengo, num processo de descoberta assertivo e muito seu. Num trajecto pautado por discos tão recomendáveis como 'Cloud Corner' ou colaborações com músicos como William Tyler ou a composição de bandas, ressalva-se também um forte activismo político que a levou, por exemplo, a tocar com guerrilhas anti-estatais durante uma estadia no Sul do México em plena era do conflito que opôs os agricultores de Chiapas ao governo. Patroa. Jim White tocou já com meio mundo - de PJ Harvey a Bonnie "Prince" Billy, de Cat Power a Smog - mas é ao lado de Warren Ellis e Mick Turner nos Dirty Three que se tem vindo a mostrar de forma mais reveladora. Banda fundamental formada na Austrália em 1992 e que tem deixado para a história uma música profundamente pessoal e inspiradora, numa triangulação instrumental profundamente poética, carregada de histórias como as que ouvimos em 'Horse Stories' ou 'Ocean Songs'. BS
+
Raw Sun
RAW SUN estabelece pontos de partida holísticos para a descoberta do ritmo, no diálogo entre o performer, uma bateria e um efeito de delay. Com uma atitude livre, abrem-se espaços para os efémeros e transitórios fragmentos sonoros resultantes. É um reconhecimento claro da intuição, da disponibilidade do intérprete/ouvinte e da qualidade de perceção (escuta ativa) que o som nos traz e que nos torna sensíveis ao seu estatuto de música. Depois de um passado académico no estudo da bateria, Pedro Almiro inspira-se na estética minimalista dos anos 60, nos lendários cut-ups de Brion Gysin e nas tradições rítmicas ancestrais, e continua a desafiar a sua própria prática como músico e compositor em Berlim. Lançou RAW SUN (Album 2022), Iodine Eye (EP 2021) de forma independente e duas cassetes com a sua banda HIBYLO, através de Average Negative e Kinship. Actualmente, está a preparar o seu próximo lançamento.
Abertura de Portas
21h30