Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Dawuna
Foi a meia luz e madrugada adentro, num pequeno armazém em Brooklyn, NY, que surgiu Glass Lit Dream, uma das obras mais extraordinárias do período pós-pandemia. Entre rotinas laborais, fantasmas pessoais e uma luta existencial, Ian Mugerwa aka Dawuna concebeu um verdadeiro álbum-experiência, cuja força emociona, desafia e se entranha debaixo da pele. Uma instalação sonora viva, de canções ancoradas na sua própria vida e luxuosas texturas nas composições. Do tormento veio então a epifania. Dessa complexa, mas frágil, arquitectura sónica nasceu uma estranha e brilhante infusão de RnB, como talvez nunca antes se escutou. Originalmente disponibilizado via Bandcamp, o álbum teve apreço imediato do duo Space Afrika e do baterista de jazz Moses Boyd. Cerca de um ano depois, esses temas ganharam uma nova remasterização e a desejada edição em formato físico - que rapidamente se esgotaram e se tornaram artefactos pelos meandros na net.
Num sonho que une as estruturas rítmicas de D’ Angelo aos ecos de Arthur Russell, passando pelas esferas enigmáticas de Dean Blunt e à gospel espectral do catálogo da Numero Group, gravitam vozes lânguidas a par de ruído microscópico, cascatas de ASMR e melodias opiáceas. Dawuna retoma o papel histórico da música afro-americana e projecta trilhos de um futuro possível. Usa a linguagem exploratória da eletrónica para alinhar estes elementos num trabalho de inconcebível definição absoluta. Essa margem reservada ao desconhecido, não só e essencial à identidade mestiça da sua música como alimenta as resoluções criativas. Prima por não se enredar num hermetismo estético, mas concebe uma roupagem alienígena à sensibilidade pop que atravessa temas maiores como The General ou Bad Karma, dois excelsos singles que ajudaram a entender, desde cedo, o génio em potência.
A sensação de que estamos perante uma revelação importante surge e persegue-nos, audição após audição. Sentido de urgência, embora também de convite a abrandar e contemplar (ainda que com os demónios lá ao fundo).
Após a promessa de uma visita logo não concretizada, este é o momento de estreia por cá - ainda e sempre perfeitamente vital. Os relatos de actuações intimistas e surreais deixam a melhor das expectativas para esta noite seguramente inesquecível. NA
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Yeri & Yeni
Com origens nas ilhas de São Nicolau e Santiago, Yeri e Yeni cresceram na linha de Sintra. Foi graças a esta diversidade cultural – entre Sintra e Cabo Verde – que a dupla desenvolveu o gosto pelo cruzamento de influências da música cabo-verdiana, portuguesa, angolana, brasileira, senegalesa e norte-americana e de géneros como o R&B, Soul, Funk, Pop, Zouk, Kizomba, Afro-beat ou Jazz.
É certo que existirão ecos estruturais do rei D’ Angelo, contudo, a
Abertura de Portas
21h30