Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Já parece distante, mas ainda presente, a auspiciosa estreia de Quarantine que há pouco mais de uma década colocou, quase de imediato, Laurel Halo num lugar cimeiro na música contemporânea. Universo imaginativo, em que a eletrónica encontrou intersecções com peças meditativas, especulando exoplanetas e outras imagens exóticas ao entendimento terrestre. Em linha com outros artistas que abriram novas frequências num mesmo espaço temporal, primou por uma discografia talvez menos errante ou dispersa, dando oportunidade de maturar um léxico e de seguir, disco após disco, a encontrar identidades inovadoras - embora nunca totalmente disruptivas de si mesma. A capacidade de manter a sua música genuinamente pertinente, levou-a igualmente a colaborações com John Cale ou Moritz Von Oswald - e até na assinatura da banda sonora de Possessed, realizado pela dupla Metahaven e Rob Schröder. Halo nunca foi assim uma mera promessa, senão uma afirmação criativa de desígnios maiores.
Atlas aterrou em 2023, de um modo profundamente essencial e inesperado. Obra insular e plena de sonho, onde ficaram praticamente de fora quaisquer resquícios de ritmo ou de voz, num fantástico cenário em suspensão sensorial. Existe uma certa indagação jazzística no modo como descortina as melodias, moldando subtis composições no silêncio enquanto penetra numa névoa de arranjos de cordas e camadas sonoras que se entrelaçam. Resulta um estado de sonambulismo doce, deslocado de um tempo reconhecível e em fluxo aquoso. Reuniu para a gravação de Atlas alguns talentos atuais como Lucy Railton, Bendik Giske, James Underwood e ainda Coby Sey. Uma turma repleta de ases, nesta visão orquestral e simbiótica cuja sintonia apela a uma imersão profunda nos recantos da mente. Como nos quadros surrealistas que fizeram história, aqui o concreto ganha formas inusitadas e surgem realidades paralelas outrora inimagináveis. Parece de facto inesgotável esta oferenda de Laurel Halo que se assume como energia transformadora e força necessária nestes tempos que correm. Ontem, hoje e seguramente amanhã, saberemos onde voltar.
A igreja St. George acolhe assim um dos concertos mais esperados da época. Com Atlas no epicentro desta ocasião, a audiência será certamente transportada a outras latitudes, bem acima das nuvens. NA
Abertura de Portas
21h30