Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Holy Tongue
Duo entretanto transformado em trio, os Holy Tongue são mais um dos milagres a sair das mãos de Valentina Magaletti. Se nos últimos anos a multifacetada percussionista tem feito nome quer pelos trabalhos a solo, quer pelas inúmeras colaborações, o terreno com que calcorreia parece agora tão fértil como sempre foi. A linguagem da sua técnica junto com a visão de quem não vê horizontes, fazem de cada aventura, cada álbum ou cada atuação, pequenos excertos de uma história que se escreve neste preciso instante. Tomaga, Moin, Better Corners ou Vanishing Twin são parte das muitas encarnações de Magaletti - numa longa lista que ainda se encontra em elaboração. Na pele de Holy Tongue comanda a batida tribal, de inspiração dub e as intersecções possíveis com as coordenadas deixadas por alguma franja do pós-punk. Ao lado de Al Woolton (patrão de serviço na eletrónica e samples) e Susumu Mukai (nas cordas, e com Jah Wobble na alma), forma uma triangulação excelsa de talento e originalidade.
Existe tensão, respiro e anhanço bom nestes desígnios. As reverberações de uma Jamaica fumada em flirt com a maquinaria sónica recordam as maravilhosas incursões de boa gente como New Age Steppers, ESG ou African Head Charge. Porém, a matéria é ainda mais purosa nos Holy Tongue; direções sinuosas, vertiginosas por vezes, em que a crueza de cada elemento leva à promessa de um primitivismo futurista. Onde outros buscam ascensão, aqui o fogo é ateado a lume brando. Salpicam as chamas com xamanismos e simbologia sci-fi quando assim é necessário - e outros mundos e outras danças surgem.
Deliverance and Spiritual Warfare aterrou em 2023 como objecto bizarro e magnético, num dos encontros mais inspirados do ano. Chega após uma brilhante trilogia de EPs no passado, peças essenciais para o que viria aí. Um disco hipnótico como poucos no seu tempo, carregado de imaginação e invento. Escuta meio que obrigatória de uma banda (não lhes chamemos de projecto) que encontrou o espírito do caribe entre o betão da cidade. Ao vivo, o trio ganha músculo e a dinâmica criativa que se sente em disco salta naturalmente do palco. Para testemunhar. NA
Abertura de Portas
21h30