Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Dreamcrusher
Algures em 2013, ainda na ressaca de período de maior exposição do noise por via de nomes por Wolf Eyes, Dalek, Ron Morelli, Growing ou Black Dice, Incinerator posicionou-se como avis rara num cenário já de si em maravilhosa ebulição. Luwayne Glass projectou em Dreamcrusher uma realidade desdobrada, cuja veia celebratória adjacente ao rave se rodeava em espessas pinceladas de interferências eletrizantes. Artista não-binário, de passado punk e genial maquinista de serviço, acrescentou uma identidade necessária – e se calhar até inevitável – nesse pedaço temporal tão mutante. Apesar da imponência industrial de Incinerator, o álbum surpreende por se permitir a uma curtição constante. De certa forma, revelaria logo aí uma série de gente bem mais atual cuja visão tão bem se orienta por semelhantes meios.
Com um extenso corpo criativo, maioritariamente registado em fita magnética, Dreamcrusher chegou ao catálogo da bizarria néon-pop da Hausu Mountain com uma pastilha iconoclasta chamada Suicide Deluxe. Quase-canções saturadas de cor que dificilmente faziam prever a chegada seguinte da mixtape Another Country. Aí, Glass levaria consigo uma simbologia críptica, entre batidas arrastadas, guitarras e vocalizações recortadas nesse brilhante documento de apenas uma centena de cópias físicas. Doces e simultaneamente ácidas, as suas produções confundem a liberdade do sonho com o medo do pesadelo. Surrealista inconformado cuja perdurável indagação pelo insólito fá-lo ser uma figura sem-par. O mundo poderá estar em chamas, mas que haja espaço uma última dança.
Em anos mais recentes, Dreamcrusher figurou em dois documentários, um deles produzidos pelo canal PBS, e assinou um banger absoluto ao lado de Backxwash (a convite da Adult Swim). Oportunidade rara de testemunhar uma pequena lenda dos meandros que realmente interessam. NA
Abertura de Portas
21h00