Produtor
Curtas Metragens - Cooperativa de Produção Cultural CRL
Breve Introdução
Em 1963, um cartaz promocional do filme “Os Verdes Anos”, de Paulo Rocha, anunciava: “chegou a nova vaga...”.
Sinopse
Em 1963, um cartaz promocional do filme “Os Verdes Anos”, de Paulo Rocha, anunciava: “chegou a nova vaga...”. Foi, sem dúvida, um momento ímpar para o cinema português e para aquilo que ele se tornou desde então: um cinema de autor, de recursos quase artesanais, e que poucas vezes teve a receção ideal do público. O ano, 1963, foi marcante, não apenas pela aparição desse filme premonitório de Rocha, mas também pela estreia de uma das obras-primas de Manoel de Oliveira (sempre considerado o pai dessa geração): “Acto da Primavera”. Verdadeiro cinema moderno, o filme de Oliveira ultrapassava o seu próprio tempo ao propor um complexo híbrido entre documentário e ficção, enquanto olhava, reflexivamente, para o próprio aparato do cinema e da sua capacidade de representação de uma realidade.
Mas se 1963 é visto como um ano-chave, só o foi essencialmente porque uma série de outros acontecimentos convergentes permitiram, de facto, aquilo que então se denominou de “novo cinema português”. Entre eles: o crescimento e importância do movimento cineclubista e da crítica de cinema, as bolsas de estudo para formação no estrangeiro e os cursos técnicos de formação que permitiram renovar as equipas de produção. Tudo isto foi precipitando a decadência de um “velho cinema”, ancorado na “geração dos assistentes”, que tentava reproduzir as velhas fórmulas do cinema português dos anos 1930-40.
A curta-metragem, pelos tempos de rodagem mais reduzidos e menores exigências de produção, foi um terreno fértil para antecipar as transformações no ecossistema criativo e produtivo do cinema português. É, por isso, que este programa propõe um conjunto de curtas-metragens realizadas entre 1962 e 1963 que são o prelúdio do que iria acontecer nas longas-metragens. Achamos justo terminar esta sessão com um excerto de “Os Verdes Anos” que aponta uma direção para um espaço imaginário do cinema português: um lugar real – o espaço da natureza, misterioso – e um lugar mítico, o de uma certa impossibilidade do amor e da necessidade de fuga e destruição.
Sessão de curtas-metragens com a curadoria de Paulo Cunha e Daniel Ribas
As Palavras e os Fios
Fernando Lopes · Portugal · 1962 · DOC · 12'
Verão Coincidente
António de Macedo · Portugal · 1963 · DOC · 13'
A Caça
Manoel de Oliveira · Portugal · 1963 · FIC · 21'
Excerto de "Os Verdes Anos"
Paulo Rocha · Portugal · 1963 · FIC · 10'