Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
AVISO: A utilização de máscara é obrigatória nesta noite. Gostaríamos de contar com o vosso apoio para que a banda se sinta o mais confortável possível. Agradecemos a vossa atenção.
No panorama do indie-rock existem, aliás, existiram ao longo da história do rock/indie-rock, poucas bandas como os Deerhoof. Formaram-se em 1994 em São Francisco, sobreviveram a várias bolhas da cidade (e, ao que se sabe, ainda não são dos californianos que se mudaram para Lisboa, mas estaríamos dispostos a recebê-los bem) e a sobreviver se mantêm. A longevidade aplica-se como factor de raridade, à cabeça é possível compará-los com os Yo La Tengo (que até são mais velhos, 1984), mas ao contrário da banda de Nova Jérsia, os Deerhoof nunca subiram para patamares que lhes dessem uma maior visibilidade ou aceitação comercial. Isso traduz-se em quase três décadas de carreira por editoras mais low profile e com uma atitude alinhada com o espírito independente da banda. Acresce que também ao longo desses trinta anos têm mantido uma formação mais ou menos regular e sem sofrer alterações desde 2008: Satomi Matsuzaki (voz e baixo), Greg Saunier (bateria) e os guitarristas Ed Rodriguez e John Dieterich. Satomi é japonesa e os Deerhoof foram cunhados pelo seu sotaque e fluência únicos. E, ao décimo nono álbum, “Miracle-Level”, editado este ano, ainda encontram espaço para inovar e arriscar: é o primeiro álbum da banda cantado na íntegra em japonês.
Nesta pequena listagem, falta o essencial. E não se está a falar da influência que deixaram no rock / indie-rock desde então, nos elevados elogios que artistas com maior perfil foram deixando ao longo dos anos. A maior característica do quarteto é o som, o rock absolutamente primário à procura da melodia que brinca em constância com alguma ideia de rudeza sem alguma vez a estampar. É melódico, pop, com uma identidade que só pode ser atribuída aos Deerhoof. Por outras palavras, ninguém é capaz de imitar a banda de São Franscisco. Deve haver quem tente, contudo, o som natural, precoce e infantil está-lhes no sangue. Não é facto, ou factor a menosprezar. Manter as coisas neste nível, a planar numa ideia, numa forma de fazer as coisas é obra. Fazê-lo ao longo de tanto tempo só os tem tornado melhores, mais refinados, em constante procura de novas ideias e caminhos para fazer a mesma coisa (mais uma vez, encontram-se com os Yo La Tengo). Alguns álbuns do início de 2000 ficam na eternidade por terem surgido num momento oportuníssimo de um reencontro de uma geração com o rock presente (“Halfbird”, “Reveille”, “Apple O’” e “Milk Man”), mas os Deerhoof de hoje são mais capazes do que aqueles de há duas décadas. Não, não estão a ficar mais jovens enquanto envelhecem, mas sabem fazer e comunicar com maior simplicidade e bondade o rock primordial e elementar-belo com que encantam o mundo há décadas. Lutadores, sobreviventes, únicos, ter os Deerhoof em 2023 é razão para acreditar que isto tudo ainda tem salvação. AS
Abertura de Portas
21h00