Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Alma volátil na sempre fervilhante música urbana inglesa, Iceboy Violet faz da subversão um exercício de criatividade constante. Enquanto adolescente tinha em J Dilla ou Madlib pontos cardeais numa incursão sonora que logo tomou dimensões mais bastardas. Os encontros com a riqueza textural do noise e a fúria crua do grime alinharam os astros em direção a uma redescoberta de si – e no que poderia aportar nesta almejada viagem. Soube, acima de tudo, encontrar um complexo balanço entre essa entrega de confronto e eletricidade com um tom profundamente confessional. Por diversas razões, não será um rapper habitual; no entanto, cospe-nos poemas de rua de quem encontra nas margens e nos becos alguma luz benigna no meio de um nevoeiro espesso de incerteza.
Quando em 2018 edita MOOK, muita dessa visão desconcertante e fragmentária é materializada como há muito não se escutava. Uma brilhante cacofonia sonora e emocional – porque um e outro sempre estão aqui lado a lado – que gritava e suava urgência. Despojado, sem dúvida, porém sem pruridos em demonstrar igual nível de fragilidade – human, afterall. O valor desta personalidade não passou despercebida e logo Violet foi convidado a participar em discos celebrados de Loraine James, aya, Eartheater ou Safety Trance. Em cada colaboração demonstrou novas e diferentes expressões, como que a uma reinvenção ou mutação em tempo real. E que melhores tempos, que estes atuais, para tamanhas façanhas?
The Vanity Project condensou esta teia de pensamentos e inquietudes numa aventura colectiva entre Violet e uma comunidade com quem partilha coração e consciência. Uma escolha de título naturalmente irónica em que uma vez mais reverte a lógica do imediatismo. Slikback, Space Afrika, Blackhaine ou Nick Leon são alguns dos tropas chamados a este motim celebratório e de alucinação coletiva. Mais que um disco, uma pujante afirmação de intenções. Contra a normativa binária, as manhas da indústria discográfica ou as armadilhas que, de uma forma ou de outra, a sociedade de hoje bafeja no pescoço de cada um de nós.
Concerto estreia por cá, para entrar em 2023 de cabeça erguida. NA
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NICØ
Investido numa constante procura por novas texturas e padrões sonoros, NICØ encontra conforto na fragilidade do improviso e na efemeridade das patches. Acompanhado de um sintetizador modular em constante mutac¸a~o desde 2020, os seus livesets oscilam entre as freque^ncias do IDM, glitch, ambient, hyperpop - mas tambe´m pelos ritmos frene´ticos do drum&bass e do jungle. Atrave´s da ama´lgama de processos variados de composic¸a~o, NICØ apresenta algumas das suas faixas produzidas metodicamente, enquanto abre espac¸o para a improvisac¸a~o e se deixa levar pelas nuances da espontaneidade.
Abertura de Portas
21h00