Promotor
Teatro do Noroeste - CDV
Sinopse
Atrevemo-nos a dizer que são os processos de travessia que melhor nos permitem
compreender a transição política global que enfrentamos. A mudança de sexo e a
migração são as duas práticas de travessia que, ao porem em xeque a arquitetura política e legal do colonialismo patriarcal, da diferença-sexual e do Estado-nação, situam um corpo humano vivo nos limites da cidadania e até do que entendemos por humanidade.
O que caracteriza as duas viagens, para além do deslocamento geográfico, linguístico ou corporal, é a transformação radical não só do viajante, mas também da comunidade humana que o acolhe ou rejeita. O antigo regime (político, sexual, ecológico) criminaliza todas a práticas de travessia. Mas onde a travessia é possível, o mapa de uma nova sociedade começa a ser desenhado, com novas formas de produção e de reprodução da vida.
A transexualidade e as questões de género ainda incomodam muita gente. E como seria há um século? Supomos que seria um não-tema, por ser literalmente abafado. Todavia, em plena década de 1920, a temática pareceu relevante a Virginia Woolf. Com uma atitude muito à frente do seu tempo, típica dos génios, escreveu Orlando uma biografia fictícia onde aborda estas questões de forma subtil e irónica.
Em Orlando, conta-se a história de um inglês nobre que passa por inúmeras experiências de vida. Quando completa 30 anos, acorda com o corpo de uma mulher. O que surpreende não é a simples transição de sexo, mas a forma como Woolf narra essa mudança.
Ao contar a transformação de Orlando, o texto faz uso de uma ironia propositadamente exagerada com o objectivo de chegar ao seu contrário à verdade e à franqueza. O que fica claro, e inequivocamente evidente, é que não existe imutavelmente homem ou mulher. A transformação é possível porque o fundamental é a liberdade da pessoa do espírito e da inteligência. Um homem e uma mulher não têm de ser prisioneiros de um género pré-definido. Nem ser julgados e/ou postos como alvos do ódio, apenas por reclamarem liberdade sobre o seu próprio corpo.
Na noite de 12 de Junho de 2016, o norte-americano de origem afegã Omar Mateen, de 29 anos, entrou armado na discoteca Pulse em Orlando, no centro da Florida, e disparou contra os presentes. As vítimas participavam numa Noite Latina organizada pela discoteca, frequentada por homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais. O ataque foi considerado o pior com arma de fogo na História recente dos Estados Unidos.
A Teatro Nacional21 pretende misturar as duas narrativas a literária de Virginia Woolf e a documental do massacre em Orlando criando duas travessias que se cruzam.
A travessia é o lugar da incerteza, da não-evidência, do estranho. E tudo isso não é uma fraqueza, mas um poder. O pensamento do tremor, diz Glissant, não é o pensamento do medo. É o pensamento que se opõe ao sistema .
Ficha Artística
Texto
Cláudia Lucas Chéu a partir de Orlando de Virginia Woolf
Direção
Albano Jerónimo
Dramaturgia
André Tecedeiro, Albano Jerónimo, A. Baião-Pinto, Cláudia Lucas Chéu
Com
André Tecedeiro, Aurora Pinho, Cláudia Lucas Chéu, Diego Bragà, Eduardo Madeira, Luís Puto, Madalena Massano, Maria Ladeira,Pedro Lacerda,
Rita Loureiro, Solange Freitas
Participação Especial
Francisca Jerónimo
Movimento
Carlota Lagido
Assistência ao Movimento
Joana Castro
Espaço Cénico
Tiago Pinhal Costa
Construção Cenografia
Tudo Faço
Figurinos
Carlota Lagido
Desenho de Luz
Rui Monteiro, Teresa Antunes (assistência) e Outcube Stage & Lighting Design (assistência)
Composição Musical
Rui Lima & Sérgio Martins
Direção Sonora e Desenho de Som
Bernardo Bento
Assessoria Artística
Nuno M Cardoso
Assistência de Encenação
Luís Puto, Afonso Abreu (estagiário)
Suspensão
Laboratório
Assistência deFigurinos
Sandra Guerreiro
Direção de Cena
Marta Pedroso, Inês Matos
Comunicação e Assessoria de Imprensa
Sara Cavaco
Design Vídeo
Oskar & Gaspar
Caracterização
Sérgio Alxeredo, Ana Steiner
Vídeo Documental
Oskar & Gaspar
Fotografia de Cena
Susana Chicó
Fotografia de Cartaz
Rui Palma
Traduções
Ana Magalhães
Programa Paralelo Comunidade
Sara Cavaco
Direção de Produção
Francisco Leone
Assistência à Direcção de Produção
Bruno Rosa
Produção Executiva
Luís Puto
Produção
Teatro Nacional 21
Coprodução
CCVF Guimarães, Casa de Artes de Vila Nova de Famalicão, Teatro Municipal do Porto, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro do Noroeste Centro Dramático de Viana, Centro de Artes de Águeda
Preços
Normal: 10 €
DESCONTOS
Social, de Grupo ou Família | Seniores (+65 anos): 5 €
Membros TEIA, grupos de Juntas de Freguesias, Profissionais de Teatro: 4 €